COLUNA SALOMÃO CURI: ” A GUERRA QUE O BRASIL INSISTE EM NÃO VENCER”
Na manhã de 28 de outubro de 2025, o Rio de Janeiro despertou sob o som de tiros, helicópteros e sirenes. Durante horas, bairros inteiros se tornaram palcos de confronto. Ao final do dia, o saldo era desolador: 64 mortos, entre eles quatro policiais. A operação contra o Comando Vermelho, que pretendia reafirmar a autoridade do Estado, acabou por expor o oposto — um país fragmentado, aprisionado em uma guerra que parece não ter fim.
As imagens daquele dia circularam pelo mundo e, em cada uma delas, ecoava uma mesma mensagem: perdemos o controle. O problema não reside apenas nas armas do crime, nas carências das favelas ou nas decisões das autoridades, mas sobretudo no modelo de políticas públicas que o Brasil insiste em manter há décadas — um modelo que privilegia a repressão, enquanto negligencia a construção de um projeto de futuro para as comunidades marcadas pela violência.
A violência no Rio de Janeiro pode parecer distante quando observada pela televisão, mas está mais próxima do que imaginamos, inclusive de cidades médias como Ubá, seja pela proximidade geográfica, seja pela semelhança dos desafios enfrentados. O padrão de insegurança que domina as grandes capitais também se manifesta em municípios do interior, exigindo reflexão e, sobretudo, ação. Embora a segurança pública seja uma atribuição do Estado, os municípios têm papel essencial na promoção de uma cultura de paz, especialmente por meio da educação — o instrumento mais poderoso de transformação social. Planejar a cidade que desejamos para o presente e o futuro implica compreender que prevenir a violência começa pela formação de cidadãos conscientes, críticos e solidários.
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