SALOMÃO CURI: AS VERDADES DAS REDES SOCIAIS…
As “Verdades” das Redes Sociais: A voz de quem não tinha ou a voz quem já não quer ouvir?
A internet transformou como o ser humano se comunica, se informa e se posiciona diante do mundo. Se, por um lado, ela democratizou o acesso à informação e deu voz a grupos historicamente silenciados, por outro, abriu espaço para um fenômeno preocupante: a ascensão das “verdades das redes sociais” — narrativas fabricadas, repetidas e amplificadas até parecerem reais. Surge, então, uma pergunta que merece reflexão: a internet deu voz a quem não tinha, ou a quem deixou de ouvir?
Não se trata de menosprezar quem faz das redes um instrumento legítimo de expressão e cidadania. Ao contrário: nunca foi tão importante que todos possam falar, participar e questionar. O problema está em como e para quê se usa essa voz. A multiplicidade de opiniões é saudável — mas quando a emoção suplanta a razão, e o grito ocupa o lugar do diálogo, o que deveria ser uma ágora de ideias se transforma num campo de batalha de certezas.
O poder das redes está em sua aparente horizontalidade. Todos podem falar, opinar, denunciar. No entanto, essa mesma liberdade trouxe um efeito colateral grave: a substituição do conhecimento pela opinião, do fato pela crença, e da reflexão pela emoção. O algoritmo, invisível e silencioso, tornou-se o novo editor da realidade. Ele não se importa com a verdade — apenas com o engajamento. Quanto mais intensa a reação, maior o alcance. E é assim que discursos inflamados, polarizados e, muitas vezes, desinformados, ganham protagonismo.
Nesse ambiente, o patriotismo — sentimento legítimo de amor à pátria — foi sequestrado por narrativas políticas que o transformaram em instrumento de manipulação. Ser “patriota” passou a ser, para alguns, uma bandeira de confronto, e não de união. O amor ao país virou justificativa para o ódio ao outro, para a negação da diversidade e para o desprezo à democracia. O mesmo ocorre com temas sensíveis como o antissemitismo, que reaparece travestido de “opinião política” ou “crítica geopolítica”, revelando como a desinformação e o discurso de ódio encontram terreno fértil na ausência de filtros éticos e factuais…
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