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Na noite dessa terça-feira, 22 de abril, a Câmara Municipal de Ubá foi palco de mais um capítulo do conturbado cenário político local. Sob um clima de grande expectativa, a advogada Juliana de Fátima Miranda, ex-servidora comissionada da Secretaria de Desenvolvimento Social, marcou presença no plenário em uma sessão que misturou denúncias, desabafos pessoais, frases de efeito e até trechos de músicas. O que se viu foi o uso da Tribuna do Povo para uma tentativa de alerta misturado com mais um espetáculo midiático promovido e amplamente repercutido por grupos de oposição e redes sociais.
O protagonista da noite foi o ex-presidente da Câmara e atual líder da oposição, vereador José Roberto Filgueiras, que, em ato interpretado por muitos como de desespero político, utilizou as falas da ex-servidora como combustível para propor a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Em um discurso que oscilou entre ataques velados, apelos emocionais e retórica, o vereador tentou reerguer sua posição política abalada por uma série de acusações e decisões questionáveis durante seu mandato e o enfraquecimento legislativo diante dos pares, durante a posse, por votar supostamente errado, no atual presidente da Câmara, vereador José Maria Fernandes.
José Roberto Filgueiras, que presidiu a Casa Legislativa nos últimos quatro anos consecutivos — feito possível após uma polêmica alteração no Regimento Interno — hoje é figura política que sofre investigações que envolvem desde suposto favorecimento dentro da Casa de Atendimento às Pessoas com Transtorno do Espectro Autista até o envolvimento indireto com uma empresa de assessoria fundada por uma servidora do legislativo ubaense transferida para o setor de licitações e ligada a ex-esposa do ex-diretor da Câmara Municipal de Ubá.
Apesar das palavras e da tentativa de criar uma comoção pública, o que se viu foi uma tentativa mal disfarçada de desviar o foco de antigas e graves acusações que pairam sobre sua gestão. A CPI proposta, até o momento sem base técnica formalizada, parece mais um instrumento político do que uma real ferramenta de apuração. Nos bastidores é considerado certo que pelo menos quatro outros vereadores devem assinar o requerimento. A política de Ubá precisa reencontrar urgentemente o caminho do debate qualificado e da seriedade institucional, longe dos palcos improvisados, cardápios baseados em amido e dos holofotes de WhatsApp.
Por Gabriel Duarte