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UBÁ: ELEIÇÕES PARA PRESIDENTE DO LEGISLATIVO.MAIS DO MESMO OU ESPERANÇA DE SERIEDADE?

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Da esquerda para à direita; Prof. Samuel Soares, José Maria Fernandes e Edeir Pacheco

As eleições para a presidência da Câmara Municipal de Ubá, acontece em primeiro de janeiro, mas já têm gerado grande apreensão entre a população e os próprios vereadores. O cargo de presidente da Câmara é de extrema importância para o bom funcionamento do Legislativo, pois é responsabilidade dessa figura dirigir as sessões, representar a Câmara perante outros órgãos, assinar documentos oficiais e garantir a boa gestão administrativa da Casa. Porém, nos últimos quatro anos, o Legislativo de Ubá foi marcado por decisões que levantaram sérias preocupações quanto à transparência, moralidade das ações e o empurrão presidencial, causando distanciamento na população.

O presidente da Câmara tem um papel fundamental na coordenação das atividades do Legislativo. Seu trabalho é notado pela forma como organiza a Casa, mantém a ordem, preserva o espaço como um ambiente democrático e respeitoso e, claro, cuida da estrutura física da sede. Mais do que isso, é essencial que o presidente utilize o cargo para representar os interesses da população e não para fins pessoais. Ele deve ser um organizador das demandas da sociedade e não um político que manipula a estrutura do poder para garantir vantagens.

Em Ubá, a população tem se mostrado cada vez mais atenta ao modo como a Câmara é conduzida, especialmente devido aos últimos anos. Se o prefeito for um bom administrador, isso é reflexo de um trabalho conjunto com a Câmara; se a administração for ruim, a responsabilidade também recai sobre os vereadores, responsáveis por fiscalizar e garantir o bom funcionamento dos processos.

No entanto, as eleições para a presidência da Câmara de Ubá têm sido um assunto polêmico, principalmente por conta das modificações no regimento interno que, segundo críticos, fortaleceram excessivamente o poder do presidente. O artigo 11º do regimento, que determina a possibilidade de recondução do presidente para o cargo por mais de dois anos, resultou na manutenção do atual presidente por quatro anos consecutivos, uma mudança que muitos consideram arbitrária e incompatível com a ideia de alternância no poder.

ELEIÇÕES PARA PRESIDENTE

Outro ponto de destaque é a composição da Mesa Diretora, onde a eleição das chapas ocorre por representação proporcional dos partidos ou blocos parlamentares. Embora o presidente possa ser de qualquer partido, os outros cargos da Mesa, como o 1º e 2º vice-presidente, e os secretários, devem ser compostos por membros de partidos diferentes, buscando a representatividade de diversos setores. No entanto, essa regra, que deveria garantir a pluralidade, também tem gerado discussões, uma vez que o sistema pode ser manipulado para garantir a perpetuação de um grupo no poder.

Três vereadores se destacam como possíveis candidatos à presidência da Câmara: Edeir Pacheco, reeleito com 561 votos, Prof. Samuel Soares, o vereador mais votado nesta eleição com 2.645 votos, e José Maria, com 859 votos.

O vereador José Maria, atual líder do prefeito Edson Teixeira, reconheceu sua pré-candidatura, mas afirmou que ainda é cedo para se aprofundar nas discussões sobre o tema. Já o vereador Edeir Pacheco, atual vice-presidente da Câmara, destacou em áudio enviado a nossa reportagem que, se for eleito, pretende oferecer suporte aos demais vereadores.

 

Pacheco, no entanto, atual vice-presidente, teve uma atuação apagada no Legislativo, principalmente pela falta de cumprimento de promessas feitas, como a entrega da Escola do Legislativo, prometida pelo atual presidente, José Roberto, e que não se concretizou.

Já o vereador Prof. Samuel Soares, que obteve a maior votação na história de Ubá nas eleições de 2024, defende sua candidatura à presidência com base em seu expressivo número de votos, buscando consolidar sua liderança como a mais representativa da cidade.

CARGO IMPORTANTE 
Essa eleição para a presidência da Câmara não é apenas uma disputa entre os vereadores; ela é um reflexo das tensões e expectativas da população, que, nos últimos quatro anos, foi gradualmente afastada das decisões e debates importantes da Casa Legislativa. O uso imoral do cargo, as manobras para garantir poderes ilimitados ao presidente e a troca de apoio por cargos, obras e favores são aspectos que precisam ser enfrentados. A Câmara Municipal deve, mais do que nunca, ser independente e trabalhar de forma colaborativa com o Executivo, representando efetivamente os interesses da sociedade e construindo um município melhor; é necessário que os trabalhos no Legislativo avancem, que projetos importantes para o desenvolvimento de Ubá sigam sendo discutidos e aprovados, e que a Câmara não se torne uma extensão do poder Executivo. O novo prefeito, Prof. José Damato, eleito pela maioria da população, tem a missão de tirar Ubá do marasmo em que se encontra, e a Câmara deve ser um aliado nesse processo, e não um obstáculo. A população precisa voltar a frequentar as sessões, ter a liberdade do livre manifesto, acompanhar as discussões e exigir responsabilidade dos vereadores em suas funções.